Crónicas do Sol da meia noite (Tomo VIII)

– Dia 7 [Kvikkyokk – Jokkmokk]

Acordamos cedo, o sol já ia alto, nestas latitudes é sempre assim por esta altura do ano, recolhemos água fresquíssima num ribeiro de degelo que corria a umas centenas de metros da tenda. Higiene feita e cantis atestados, tomamos um pequeno almoço com uma vista de fazer inveja a qualquer hotel de 5 estrelas.

Desmontamos a tenda e arrancamos, queríamos contornar o monte onde estávamos seguindo sempre a mesma cota, até chagarmos a uma zona onde fosse simples atravessar o rio de degelo que corria a oeste de nós, de norte para sul.

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Andámos cerca de 2h, como seguíamos à mesma cota, tornava-se mais difícil de andar devido à constante inclinação do terreno. De mapa em riste, calculamos que para apanharmos o ultimo barco regular do dia, não poderíamos seguir até onde pensávamos para atravessar o rio. Chegaríamos demasiado tarde.

Optamos por descer a ravina onde nos encontrávamos, ravina essa que apesar de bastante inclinada não era demasiado difícil de descer aos S’s. Escolhemos o melhor local para atravessar o rio. A profundidade não passava do joelho, e a largura não devia ser superior a 10m.

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Até agora nada de mais… mas a temperatura… essa sim… não devia passar dos 5º e depois dos 10m era necessário uma fricção para voltar a fazer o sangue correr com normalidade.

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Depois de voltarmos a calçar as botas apertamos as mochilas o mais possível contra as nossas costas. A encosta era demasiado íngreme. Como existiam muitas pedras soltas e como não tínhamos material de escalada, optamos por ir subindo lado a lado. A meio do caminho deixamos de ver a Tine. Chegados lá a cima, faltava a Tine. A subida foi uma inconsciência
que nos podia ter lixado as férias… uff, respirámos de alivio quando discurtinámos a Tine… Acabámos por nos reunir todos.

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Até ao barco o caminho era sempre a descer, voltamos a encontrar pessoas, no sentido inverso, sempre simpáticos. Chegados ao barco… explicamos que não tínhamos dinheiro. Não havia problema… isso acontecia muitas vezes, arranjaríamos uma forma de pagar.

Lá atravessamos o rio, ainda com uma volta turística (com uns suecos de Malmo, e paga por eles) Arrumámos tudo no carro e fomos tentar encontrar um Multi-banco em Kvikkjokk… pois… não há… a terra mais perto é Jokkmokk a 100km. Aliás o único comercio da terra já estava encerrado.

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Sem ideias regressámos para falar com o barqueiro. Pelo caminho parámos para confirmar com um transeunte se não existia nenhum MB por ali… ele respondeu-nos com um sarcástico “in kvikkjokk… no way…” mal arrancámos eu e o António, em simultâneo exclamámos, o tipo é tuga!!! só pode. pela pronuncia inglesa, pelo gozo com que nos disse que não… e pela camisola tipicamente Zara.

Explicámos a situação ao barqueiro. Ele disse-nos que podiamos pagar via CTT… que só uma vez não tinha recebido o dinheiro. e tinham sido uns dinamarqueses (o nosso carro era dinamarquês… :S). O António ofereceu-lhe o seu cachecol da selecção e quando nos preparávamos para seguir viagem, eis que…

Aparece o suposto tuga. Não resistimos e lançamos “tu és português não és?”… caiu-lhe tudo… era tuga, tinha estado a fazer Erasmus em Leuven, tinha acabado com a namorada e tinha decidido fazer o kungs leiden sozinho. E conhecia o Daniel, um tipo que eu conhecia no técnico e que eu sabia que estava a estudar em Leuven. vivemos numa aldeia!!!

Regressamos a Jokkmokk, e procurámos um local para jantar. não havia muita coisa aberta… pelo menos com aspecto decente. Acabámos por jantar uns hamburgueres. Bem bons por sinal.


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Regressamos ao nosso parque de campismo, montamos a tenda e… a Tine tinha sido picada por uma carraça… lá fomos desencantar o médico de serviço….

Correu tudo bem, o cartãozinho de saude maravilha da Dinamarca funciona às mil maravilhas na Suécia

This entry was posted on Tuesday, September 4th, 2007 at 11:51 pm and is filed under Nórdicos, Viagens. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

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